quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Religião e Família: escolhas e aceitações. Ou diálogos (quase) secreto com os jovens.

Encontro do presente colunista com um grupo de jovens e seu tutor, para falar sobre família e liberdade religiosa.
Em um encontro com um grupo de jovens e seu tutor, ocorreu um dialogo informal relacionado aos artigos escritos no site Gosto de Ler e algumas dúvidas. Este encontro ocorreu no Centro do Rio de Janeiro. Contudo neste presente artigo não apresentaremos os nomes dos participantes, mas diremos seus sobrenomes, com exceção de J.S.G., que solicitou que não o identificasse em virtude dos acontecimentos recente de perseguição religiosa.
O presente autor esperou os jovens e seu preceptor, em lugar público no Centro da capital fluminense. Ao chegarem ocorreu cumprimentos mútuos. Os jovens iniciaram o dialogo.
J.S.G. - “Saudações professor Roberto! Trouxe meus jovens amigos para debatermos contigo sobre questões religiosas.”
Cardoso – “Nós lemos o seus artigos no Gosto de ler e gostamos do que o senhor escreve.”
Roberto Bastos – “Primeiro eu agradeço esta oportunidade de dialogar convosco.”
Magalhães e Carvalho - “Obrigado, por ter vindo, também!”
Roberto Bastos – “Achei interessante a iniciativa de vocês em travar um dialogo comigo, vocês vieram de um lugar distante.”
Cardoso – “Não professor. Viemos de lugares diferentes, mas não tão distante assim.”
Almeida -  “Nós queremos saber do senhor sobre as questões das escolhas religiosas que uma pessoa faz e sobre as posições contrarias da família.”
J.S.G. - “Nós percebemos, que em seus artigos mais recentes o senhor defendeu a Wicca e o ateísmo e, ainda se posicionou contra o proselitismo”
Carvalho - “O senhor também fez comparações entre religiões diversas em seus artigos.”
Cardoso - “Professor. Gostei de sua posição informativa contra o fanatismo em seus diversos artigos. Foi bastante explicativo e incisivo. Mas o senhor esta observando esta realidade em nossa sociedade atual?”
Roberto Bastos - “Alguma pergunta jovem Magalhães?”
<<Risos>>
Roberto Bastos - “Pela pergunta do senhor J.S.G., ou seja, primeiro os mais velhos.
<<Risos>>
Roberto Bastos - “Meu honrado senhor. Eu vi a necessidade de defender estes dois segmentos, pois ambos correm riscos. No caso da Wicca a execração e o descredito, em virtude de suas práticas mágicas. No caso dos ateus existe a incompreensão da sociedade, devido a necessidade de pessoas inteligentes e investigativas que nos levam a pensar e devido ao projeto de criminalização deste por parte dos fanáticos religiosos.” No caso do proselitismo é uma prática irritante e ignóbil de trazer uma pessoa para as suas hostes. As pessoas possuem o livre-arbítrio e todos nós devemos respeitar esta opinião e decisão dos outros.”
Magalhães -  “É Justamente o que não encontramos hoje, professor Roberto.”
Carvalho – “Lamentável!”
J.S.G. - “Compreendi melhor agora! Obrigado!”
Roberto Bastos - “Sua resposta agora, senhorita Carvalho. Neste caso quem irá responder  é Hipátia de Alexandria...”
Cardoso - “Grande filosofa!!!”
J.S.G. - “Shhiii! Falemos mais baixo, menina.”
Roberto Bastos - “Bom...ele disse uma vez: “Há mais coisas que nos unem, do que nos separam”. Sendo assim todas as religiões formam um grande mosaico de mistérios que nos fazem regressar a fonte primordial – o Inominável, o Tao, Deus, Universo, o Dharma.
Todas elas tem algo em comum e as pessoas não procuram ver isto.”
Cardoso – “O senhor parece costurar um colcha de retalhos em seu artigos.”
Magalhães - “Como o senhor disse o senhor esta montando um mosaico...não!!!na verdade o senhor esta nos avisando que existe um mosaico.”
J.S.G. - “Na verdade Magalhães, o professor esta tentando nos fazer pensar através de seus escritos e das idéias expostas pelos grandes mestres do passado.”
Roberto Bastos - “Quanto a pergunta da jovem efusiva e fã da Hipátia de Alexandria. Cardoso, infelizmente estamos observando o regresso de um fenômeno negativo no mundo atual e principalmente no Brasil, que é um país cristão, e Jesus Christos não foi um intolerante. Muitos não sabem, mas o episódio dos vendilhões do Templo de Jerusalém se deu em virtude de tais comerciantes, com respaldo dos sacerdotes, ocuparem o Átrio dos Gentios, um lugar de prece e oração dos não judeus, ou sejam os pagãos. Desta forma Jesus Christos defendeu o direito de oração dos outros.”
Almeida - “Sério?!?!? Mas, ninguém falou isto”.
Roberto Bastos – “O único que conheço que nos trouxe este conhecimento através de suas pesquisas investigativas foi o Padre Jean-Yves Leloup[1]. Ele fez estas pesquisas.”
Roberto Bastos -  “Porém deturparam as palavras deste sábio de Nazaré. E durante o Séc. V d.C. Ocorreram perseguições aos pagãos, judeus, filósofos, cientista e outros segmentos cristãos esotéricos e gnósticos. E hoje se repete tudo de novo.”
Roberto Bastos - “Jovem Almeida, a sua pergunta foi interessante e talvez posso dizer que vou considerar como o ponto central de nosso encontro.”
Almeida - “Pois é, professor. Quando um jovem escolhe uma religião diferente dos demais da família parece que esta cometendo um crime. O senhor já passou por isso? Não passou? E como o jovem deve proceder?”
Roberto Bastos - “Quando um jovem opta por uma religião fora da tradição familiar isto gera um choque, que irá trazer em um momento não aceitação, frustração e medo do desconhecido. Sim, passei por isso. Para te ser sincero, aliás, sincero com todos vocês. Há três caminhos que um jovem pode seguir. O primeiro – mostrar a mudança através de um comportamento, melhorias no caráter e no humor, assim como na forma de ver a vida. Todas as instituições religiosas e seus lideres nos afirmam para agirmos desta forma, pois quando há mudança para melhor é percebido ocorrerá uma aceitação e admiração dos familiares com relação a pessoa ou jovem.”
Almeida e Carvalho - “E se isso não acontecer???”
Cardoso - “O senhor falou sem muita convicção, professor!”
Roberto Bastos - “Com certeza, pois uma coisa é aplicar este ensinamento exposto pelos sábios e seus seguidores, contudo existem pessoas ou grupos de pessoas que fazem de tudo para te demover de teu caminho, como um caranguejo que te puxa para baixo...”
J.S.G - <<Risos>>
Roberto Bastos - “O que te resta a fazer é, neste caso o segundo caminho, prosseguir no caminho que você escolheu sem se importar cm a opinião e com os ataques, pois estes devem te servir como pedra de toque para a lapidação de teu caráter. Contudo, me permitam falar a realidade é que as famílias, em geral, não aceitam as mudanças e o pioneiro ou o audaz é posto em um estado de ostracismo e prossegue em um caminho solitário. É a partir deste momento que ocorre a ruptura por ambos os lados, devido a não aceitação e da obstinação.”
<<Silêncio>>
Roberto Bastos - “A terceira via seria a capitulação, ou seja, abrir mão do caminho escolhido para viver uma harmonia fleumática...”
J.S.G - <<Risos>>. “Perdoe-me. Foi hilário”
Roberto Bastos - “Sem problemas...ou viver de forma mais secreta a sua espiritualidade.”
Magalhães – “Isto é um pouco triste, professor. O que devemos fazer, realmente?”
Roberto Bastos – “Bem, jovem Magalhães apresentei três vias do que podemos fazer, agora depende de cada um.”
Após este dialogo todos os participantes se despediram e rumaram para seus destinos. Entretanto fica uma mensagem clara para os leitores e leitoras do Gosto de Ler, a liberdade ou Livre Arbítrio tem um preço e nem sempre é muito fácil seguir o caminho que escolhemos, principalmente quando a família não apóia ou tolera parcialmente.
Notas e referencias bibliográficas:

[1]      Jean-Yves Leloup – padre francês da Igreja Ortodoxa Grega, redescobridor e divulgador da meditação Hesicasta.