Uma antiga discussão, que hoje se torna motivo de perseguição e escárnio. Pois é um patrimônio espiritual dos seres sencientes.
O
renascimento ou
reencarnação é um patrimônio que ocorre com os seres viventes dos seis reinos existenciais. Mas, neste artigo abordaremos apenas dois reinos e a relação entre eles, pois estão próximos um do outro, são visíveis e palpáveis. Os reinos existenciais dos
Animais e dos
Humanos, sendo o primeiro, considerado como um plano de existência inferior, devido a sua carga de dor e limitação grande e visível, tornando-se um fato doloroso e pedagógico para os humanos, cujo reino é considerado superior, em virtude do livre-arbítrio, do posicionamento da consciência e da potencialidade de se iluminar alcançando o
Nirvana.
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Porém, vamos observar a questão do renascimento (reencarnação), pois, este fenômeno, muito debatido, entre prós e contras a sua ocorrência e aqueles que têm uma perspectiva otimista e pessimista.
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Com isso podemos afirmar que a manifestação do renascimento se dá em virtude das causas e condições aglutinadas para esta ocorrência, pois, o ser humano é o agente e responsável por este fenômeno, graças a realização (consciente ou inconsciente) dos elos (
Nidanas) através das três vias (pensamento, ação e palavra).
3 Tudo o que os seres sencientes fazem tem efeito, porém, devemos ter consciência de tudo o que falamos, pensamos e fazemos. Entretanto, a nossa sociedade, notadamente a fluminense, atuais não incentivam a austeridade nas três vias e até a recrimina esta virtude e a noção de auto-controle civilizatório.
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Sendo o corpo (
Soma ou
Stula Sharira) perecível, pois quando se desgasta e a mente e o espírito o abandonam, pois estes são eternos, imortais e ligados aos planos sutis mais elevados.
5 Mas como todos os seres sencientes geram elos que os prendem a
Maya (ilusão) que age, justamente, na ideia dos apegos aos prazeres, aos medos, a ignorância e a repulsa da dor.
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Os seres sencientes se tornaram prisioneiros de suas ilusões e das emoções, que são causas e consequências. É neste ponto que retornamos as questões do renascimento e do meio. Sendo o primeiro uma manifestação dos apegos ou causa gerada pelos doze elos, realizados, em toda uma vida.
A partir do renascimento podemos destacar como um dos efeitos dentro dos elos, ou seja, o efeito de uma causa, que nos prende a uma roda sutil de existências conhecida com os nomes de Roda de
Samsara, Roda do renascimento ou Roda das Almas (
Guigul Neshamot) que denotam um ritmo natural da espiritualidade, observados pelos sábios de antanho e que afirmavam a responsabilidade dos homens por este ciclo.
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Dois grandes blocos...linhas...correntes religiosas, que abordam o renascimento ou reencarnação, como origem fenomenal da existência humana e animal e da manifestação da dor como foi abordado no artigo “Sobre o karma”.
Contudo, neste artigo vamos abordar as correntes cristãs (Espiritismo-cristão e a Igreja Católica Liberal – ICL
8) e as tradições hindu-búdicas. Ambas as linhas abordam a reencarnação/renascimento como fatos fenomenológicos da existência cíclica, porém, o que as diferenciam são as abordagens referentes à
metempsicose, pois o bloco cristão não concorda com a possibilidade de uma pessoa renascer como animal, em virtude da defesa de um progresso espiritual constante e contínuo do ser humano.
Desta forma as tradições cristãs discordam das “tradições orientais”, pois estas afirmam que os seres humanos podem, em virtude das causas cometidas, nascerem nos reinos inferiores. Porém, a metafísica oriental afirma a possibilidade de renascimento nos reinos superiores (humanos, Asuras – titãs ou anti-deuses – ouDevas (Deuses) ou em mundos mais felizes ou alcançarem o Nirvana e assim não mais renascerem e se integrarem com o Dharma.
Mas, quais são as bases para estas afirmações? Mais precisamente sobre a questão de renascer como animal ou mesmo não renascer?
Para as tradições orientais, cujas lógicas metafísicas se baseiam nas Filosofias de Mistérios iniciáticos, que afirmam a questão da causa e do efeito, ou seja, aonde colocamos nossas consciências (Antaskarana).
Podemos classificar os humanos em três categorias, através dos discursos doBuddha e do Bhaghavad Gita, ao abordarem aonde os homens aprisionados porMaya, colocam suas consciências.
Analisemos de cima para baixo. Os homens sábios e santos colocam suas consciências no mais elevado dos ideais e da sua psique – a Mente pura (
Manas) e possuem uma chispa de intuição, além de vislumbrar a sua parte
atmica (Vontade).
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Mais especificamente colocam suas consciências no caráter, a sua centelha divina, tais homens são classificados como
Sattvas, iniciados, sábios, mestres e santos. Aqueles que transcenderam a personalidade e as amarras do mundo comum.
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Já os homens materialistas, céticos e intelectuais colocam suas consciências na Mente de desejos e organizativa (
Kama-Manas).
11 Sendo que nesta categoria de homens podemos identificar dois tipos de homens: os intelectuais e os materialistas, pessoas apegadas a matéria e aos fenômenos.
Segundo o
Bhaghavad Gita, estes homens são chamados de
Rajas, em virtude da posição de sua consciência nas questões deste mundo denso e ilusório, por isso ficam apegados ao mundo material e a intelectualidade vazia.
12 Como foi explicado no artigo sobre “As inteligências”.
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Agora, observemos os homens comuns, a plebe, que posicionam suas consciências nas emoções (
Linga Sharira) para baixo, vislumbrando apenas a mente de desejos de forma leviana, vivendo de forma instintiva e passiva (inerte)
14. O
Bhaghavad Gita os classificam como
Tamas, por viverem de forma irracional, inconseqüente e seguirem seus instintos mais primitivos valorizando seus desejos desnecessários e se apegando as suas paixões.
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A identificação com as emoções é uma característica dos animais, que vivem de acordo com seus instintos primitivos,
16 assim são estes homens
tamásicos, que segundo um lamento proferido pelo mestre
Paramahansa Yogananda, são homens que se identificam com a sua parte animal – as emoções.
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Logo, podemos chamá-los de homens-animais, por possuírem a forma humana, mas agem e se identificam com os animais. Que através destas causas lançam as sementes para renascerem como animais.
Pois como foi dito anteriormente os homens são responsáveis pelo fenômeno do renascimento, embora, os animais também tenham esta responsabilidade.
Entretanto, por darmos atenção ao Reino Humano ignoramos os demais reinos. E a discussão sobre a Mentempsicose nos parece infrutífera, em virtude da importância da divulgação referente ao renascimento(reencarnação) e o aproveitamento deste patrimônio para evoluirmos ou nos libertarmos desta Roda de Renascimentos – alcançar o Nirvana -, sempre cônscios da Lei de Causa e Efeito (Dharma) e de nossas ações (Karma), pois não somos crianças e devemos agir de forma madura, austera e responsável.
Notas e referências bibliográficas:
1YÜN, Hsing –
Budismo: Conceitos fundamentais – Editora de Cultura, São Paulo – S.P. – 2005 – pág. 14. e LIVRAGA, Jorge Angel -
Fundamentos da Teoria da Reencarnação – Nova Acrópole, Belo Horizonte – M.G. - 2009 – pág. 11.
2YÜN, Hsing –
A Roda do Renascimento – Templo Zu Lai, Cotia – S.P. – 2004 – págs. 30 à 31.
3YÜN, Hsing –
Budismo: Conceitos fundamentais – Editora de Cultura, São Paulo – S.P. – 2005 – pág. 47.
4YÜN, Hsing –
Op. Cit. – págs. 08 e 09.
5LIVRAGA, Jorge Angel –
Reflexões Filosóficas sobre a Vida e a Morte – Nova Acrópole, Belo Horizonte – M.G. - 2010 – págs. 07 à 10.
6GUZMÁN, Délia Steinberg –
Os Jogos de Maya – Nova Acrópole, Belo Horizonte – M.G. - 2010 – págs. 23 e 24.
7SILVA, Severino Celestino da –
Reencarnação no Novo Testamento (parte 2) –
In Correio Espírita n° 112, Centro Cultural Correio Espírita, Niterói – R.J. - pág. 15.
8N. A. (Nota do Autor) – Esta é uma Igreja Católica que não obedece ao Vaticano, portanto não esta ligada ao Catolicismo Romano. Em virtude da Declaração de Utrecht de 1889. Este é um cristianismo Gnóstico. Ver
http://www.catolicaliberal.com.br/icl/playaudio.php?msg=103 acessado em 18/04/2015 às 14:07.
9LIVRAGA, Jorge Angel -
Fundamentos da Teoria da Reencarnação – Nova Acrópole, Belo Horizonte – M.G. - 2009 – págs. 12 à 15. e Ver artigo: http://www.gostodeler.com.br/materia/18942/as_inteligencias.html
10BHAGHAVAD GITA – Editora Pensamento-Cultrix, São Paulo – S.P. - 2006 - págs. 156 à 160
11LIVRAGA, Jorge Angel -
Fundamentos da Teoria da Reencarnação – Nova Acrópole, Belo Horizonte – M.G. - 2009 – págs. 12 à 15.
12BHAGHAVAD GITA – Editora Pensamento-Cultrix, São Paulo – S.P. - 2006 - págs. 156 à 160
13Ver artigo: http://www.gostodeler.com.br/materia/18942/as_inteligencias.html
14LIVRAGA, Jorge Angel -
Fundamentos da Teoria da Reencarnação – Nova Acrópole, Belo Horizonte – M.G. - 2009 – págs. 12 à 15.
15BHAGHAVAD GITA – Editora Pensamento-Cultrix, São Paulo – S.P. - 2006 - págs. 156 à 160
16GUZMÁN, Délia Steinberg –
Op. Cit. – Nova Acrópole, Belo Horizonte – M.G. - 2010 – pág. 35.
17YOGANANDA, Paramahansa –
A Yoga de Jesus – Self-Realization Fellowshipi, São Paulo – S.P. - 2013 – pág. 57.