quinta-feira, 28 de novembro de 2019

Quinto preceito: Não se entorpecer.


 Surameyamajjapamadatthana Veramant Sikknapadam Samadiyami. - “Eu tomo o preceito de abster-me do vinho, álcool e entorpecentes que causam a negligência”.

A sociedade atual sofre com o mal das drogas e do alcoolismo que levam os homens, porque não dizer a juventude, ao consumo destes entorpecentes, que nos afastam da realidade.

Os entorpecentes são produtos, tanto naturais quanto sintéticos, que produzem e estimulam o delírio, o entorpecimento dos sentidos, a fantasia, a fuga da realidade, a libertinagem, a imoralidade e o vício. Descaminhos estes que geram prejuízos aos consumidores de entorpecentes, as famílias dos adictos e a sociedade.

Partindo da menor unidade, que é o indivíduo, este causa prejuízo para si mesmo ao fazer uso de entorpecentes a fim de manter-se apartado da realidade e, conseqüente, negligenciando a sua unidade consigo mesmo, mergulhando no delírio que se aproxima da loucura, gerando também karma negativo.

Assim como o bater de asas de uma borboleta pode causar um furacão em alguma parte do mundo, as ações de um adicto em drogas ou mesmo um alcoólatra trazem prejuízos aos seus familiares, que sofrem com as ações inconseqüentes e bestiais do viciado, tais como a violência doméstica, o abandono, o furto de objetos, a fim do adicto manter o seu vício, e a inserção deste no submundo do crime.

Ao falarmos do submundo do crime, o adicto, com seu vício, alimenta este submundo de violência, contravenção e destruição dos valores sociais e civilizatórios com suas ações karmicas, que atingem a sociedade que precisa lutar contra o crime e o fornecimento de entorpecentes e gerar leis e propagandas contra o abuso de bebidas alcoólicas.

O Budha Shakyamuni (Siddartha Gautama) expôs o ensinamento de encararmos a realidade através da disciplina mental e moral, com o intuito de nos libertarmos das ilusões. Sendo assim, ele mesmo deixou um legado para esta libertação utilizando 5 preceitos[1], sendo um deles, o último de não se entorpecer e não se embriagar a fim manter-se sóbrio e viver suas vidas com dignidade.
Alguns críticos deste artigo irão dizer que isto é trocar um prazer por outro. Não! Positivamente, não! O Budha nos ensina que a busca de prazer nos traz dores, principalmente na manutenção do prazer que nos leva ao hedonismo, ao apego do prazer, a repulsa da dor e dos reveses da vida, que consequente, nos leva a dor.

Desta forma, afirmamos que não existe consumo recreativo de entorpecentes, pois isto é uma falácia para desculpar o vício e a imoralidade. Além dos entorpecentes serem uma forma de controle da ilusão, do sistema hedonista e dos aliciadores imorais e libertinos com o indivíduo cooptado e corrompido, como nos foi alertado na obra “Admirável Mundo Novo”, em que o autor nos alerta para este perigo, que na verdade é um projeto de poder que está em execução.[2]

Sendo assim, o uso de entorpecentes é uma ilusão perigosa e decadente para as pessoas, que deveriam ter a mente livre para acessar a realidade e se conectar com a sua chispa divina. E para a sociedade não cair na decadência criminal.

Portanto, o budismo poderia ter ajudado a sociedade e as pessoas, com os seus preceitos e com o Nobre Octúplo Caminho.[3]

Notas e referências bibliográficas:


[1] Cinco Preceitos: 1 – Não matar; 2 – Não roubar; 3 – não mentir; 4 – Não ter conduta sexual inapropriada; 5 – Não se entorpecer  ou utilazr do vinho e do álcool.
[2] HUXLEY, Aldous – Admirável Mundo Novo – Editor Victor Civita – São Paulo – S.P.  – 1980 – Págs. 15, 17 à 22.
[3] O Nobre Octúplo Caminho – Compreensão Correta, pensamento correto, palavra correta, ação correta, meio de vida correto, esforço correto, plena atenção correta e concentração correta. HSING Yun – A Essência do Budismo – BLIA – Cotia  - S.P. – Pags. 37 à 44.

terça-feira, 19 de novembro de 2019

Arte marcial e fé.


Toda vez que observamos um ato de violência, nossas personalidades ficam inquietadas pelo desequilíbrio que se manifesta perante nós. Porém, devemos nos ater que dentro de nós existe um guerreiro que não de deixa sobrepujar perante a injustiça, a temeridade e o mal. Tal estrutura interior nos faz prevalecer perante os infortúnios, que nos fazem superar a bestialidade do conflito e buscar respostas para as nossas experiências.[1]

Nenhum dos Avatares incentivou seus discípulos e seguidores a entrarem em um conflito, mas sim evitá-los. Estes mestres de sabedoria nos ensinavam a travar a maior de todas as batalhas que era a luta pelo nosso caráter. Embora observemos tanto no budismo como no cristianismo os chamados Divindades Iradas e Santos Guerreiros, pois demonstravam um caráter combativo contra os males, injustiças e agentes da maldade. O que demonstra que não devemos ser passivos perante as atrocidades e infortúnios que nos levam a opressão e a loucura.

O próprio Jesus Cristo exortava seus discípulos a terem uma espada afim de se protegerem contra os ataques, mas que ele afirmava que seus discípulos não deveriam entrar no conflito:

“Perguntou-lhes Jesus: Quando vos mandei sem bolsa, sem alforge e sem sandálias, faltou-vos, porventura, alguma coisa? Responderam eles: Nada.
Então lhes disse: Agora, porém, o que tem bolsa, tome-a, como também o alforge; e o que não tem dinheiro, venda a sua capa e compre espada.
Pois vos digo que importa cumprir-se em mim o que está escrito: E ele foi contado com os transgressores; porque o que a mim se refere está sendo cumprido.
Disseram eles: Senhor, aqui estão duas espadas. Respondeu-lhes Jesus: Basta.”[2]

Parece um pouco contraditório, mas a verdadeira espada é a espada do espírito.[3]  Pois nossa natureza não é física mas espiritual, sendo um significado de superioridade mental que o nosso guerreiro interior a traz consigo diariamente, através da estratégia para vencer a violência, que toma parte da personalidade humana dando condições para o guerreiro interior alcançar um grau de evolução superior e conquistar o centro, ou seja , o guerreiro interior precisar esta centralizado a fim de vencer a violência.[4]



Citações e referência bibliograficas:


[1] ISASA, Michel Echenique – As Raízes da Violência: Conhecer para evitar. – Belo Horizonte  - M.G. – 2000 – Págs.  65 e 66.
[2]  Biblia Sagrada – Lucas 22:35 à 38.
[4] ISASA, Michel Echenique – Op. Cit. – Págs.  66, 68 e 69.