Em resposta aos que perguntaram sobre quais são os benefícios no Budismo ou o que a prática nesta fé pode trazer.
A fim de esclarecer aos consulentes sobre o Dharma e a prática para alcançá-lo, ou seja, o que significa o conceito de benefício e quais são os verdadeiros benefícios das práticas no Budismo.
Benefícios significam méritos coletados de ações (Karma) positivas desfrutadas pelos homens em uma ou várias vidas. Porém os homens contemporâneos os confundem com a aquisição de bens materiais (posses), a satisfação dos sentidos (prazeres sensoriais, momentâneos e exagerados), o despertar dos poderes paranormais e sobrenaturais (magia ou pequenas virtudes), cura de doenças ou efeitos físicos ou a eminência da morte, o que gera como conseqüências o apego à vida e o medo da morte.
Os benefícios relacionados às práticas expostas pelos ensinamentos do Budha Shakyamuni são o autoconhecimento, a compaixão e o despertar das seis virtudes (paramitas)[1] – generosidade, moralidade, sabedoria prajna, paciência, diligência e concentração - e compreensão, contemplação e plena atenção aos fenômenos (internos e externos). Sendo assim, os legados mais importantes deixado pelo Buddha foram a moralidade e a sabedoria, como caminhos para a plenitude da vida e como comunhão com a essência mais sagrada da vida. Assim como fez Jesus Christos que se empenhou em ensinar os homens de sua época e de seu país, os caminhos da moralidade e do respeito, através das contemplações metafísicas das práticas dos Essênios[2] e das austeridades estóicas[3].
Porém, os homens comuns se atentam para as virtudes menores, ou seja, os poderes psíquicos e mágicos e os resultados de curto prazo ligados aos valores materiais e aos sentimentos desnecessários, assim como, a valorização da avareza, da vaidade, da quantidade e do desdém aos demais. Características, estas, defendidas e vociferadas pelos adeptos da Teologia da Prosperidade e do Budismo de Resultados, como valores para “a satisfação e a glória pessoais” e sinais de “bênçãos” e “salvações”.
Mas o papel fundamental dos ensinos expostos pelos avatares eram a plenitude da vida, a temporaneidade (impermanência) e as ferramentas importantes para atingirmos/despertarmos as nossas sabedorias e as comunhões com o Dharma contido em nossas essências e em nosso caráter.
Pois como o Buddha havia exposto, aqueles que controlam seus desejos e as suas mentes alcançam as suas verdadeiras auto-realições, diminui as dores e as amarras de suas Rodas de Sansara[4].
Desta forma os ensinos expostos têm o objetivo de religar os homens aos seus lados mais sagrados e a viverem livres de desejos, das ilusões e dos apegos. Mas que os homens comuns, a plebe, a fim de manter seu apego às ilusões, as paixões intensas e aos valores efêmeros, desprezam esta proposta e buscam a anistia, através da retórica vazia e de uma atitude momentânea e teatralizada, uma falsa moral, da qual ele exige do outro, porém se atenta para a “espetacularização da fé”, gerando assim desonestidade intelectual e social e, conseqüentemente, aprofundando suas amarras kármicas[5].
Notas e referências bibliograficas:
[1] YÜN, Hsing – Budismo: conceitos fundamentais – Editora Cultura - São Paulo – S.P. – 2005 – págs. 106 à 107.
[2] Os Essênios foram uma sociedade secreta de homens reclusos dedicados aos estudos esotéricos e metafísicos, considerados como um braço judaico das Ordens Esotéricas do Egito, que por sua vez eles transmitiram seus ensinos à Jesus Christos e aos seus discípulos de confiança. Foram registrados nos Manuscritos do Mar Morto. LEWIS, H. Spencer – As Doutrinas Secretas de Jesus – Grande Loja do Brasil – 1998 – pág. 17, MEUROIS-GIVAUDAN, Anne e Daniel – O Caminho dos Essênios: A vida oculta de Cristo relembrada– Editora Objetiva - pág. 119 e TARNAS, Richard – A Epopéia do Pensamento Ocidental – Bertrand Brasil – Rio de Janeiro – R.J. – 2008 – págs. 161 e 162.
[3] Segundo os historiadores cristãos e historiadores da filosofia o Estoicismo foi o elemento helenístico que influenciou a moralidade cristã e prática da austeridade no cotidiano. TARNAS, Richard – Op. Cit– págs. 119, 137 e 162 e . MARCONDES, Danilo – Iniciação à História da Filosofia: dos pré-socráticos à Wittgenstein– Editora Jorge Zahar – Rio de Janeiro – R.J. – 2010 – pág. 92.
[4] Darmapada:Adoutrina budista em versos – L&PM Editores – Poto Alegre – R.S. – 2009 – págs. 111 à 115 e YÜN, Hsing – Budismo Puro e Simples: Comentário sobre o Sutra das Oito Percepções dos Grandes Seres – Editora Cultura - São Paulo – S.P. – 2002 – págs. 08, 51 à 53.
[5] LIVRAGA, Jorge Angel – O Alquimista: A trilha de um jovem nas ciências ocultas – Editora Nova Acropole - Brasília – D.F. – 2010 – pág. 162.
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