sexta-feira, 6 de junho de 2014

Ateísmo: Uma discussão analítica sincera.

Analisemos o ateísmo como um fenômeno sócio filosófico e sejamos justos com a posição ideológica dos ateus, pois eles são necessários.  
 
O ateísmo é a descrença em Deus ou Deuses e até em sistemas religiosos ou doutrinas. Sendo, os ateus,considerados como aberrações biológicas e hereges desafiadores e desrespeitosos, em virtude de suas posições e opiniões.
Os ateus são pessoas como nós e como todo mundo, diferentes, pois apresentam uma racionalidade mais aguçada que as demais pessoas. Podemos considerar este racionalismo agudo como uma virtude que impulsiona a prática da investigação filosófico-científica.
Contudo esta investigação se apresenta comum grau significativo de falhas, em virtude da ausência de comparação nos processos de pesquisa. Sendo que os fanáticos e os fundamentalistas1, também não o fazem. Aliás, a comparação é uma heresia mortal para os fanáticos e a investigação, para eles, precisa ser superficial, irreflexiva e legitimadora dos desvios morais, intelectuais e discursivos.
Retornemos as nossas atenções sobre os ateus e o ateísmo, por refutarem as crenças, opiniões e teorias abstratas, assim como, as ações e os discursos contraditórios de crentes e fanáticos religiosos, atraíram para ele rivalidades que beiram a Santa Inquisição.
O ateísmo foi uma ideia formada entre os Séculos VI a.C e V a.C pelas escolasSankhya, Mimansa e Carvakas2 e por Diágoras3, esta ideia foi tomando força devido a separação da ciência com a religião, fornecendo através de seus métodos investigativos, o fermento para suas bases, ou seja, a ciência deu as bases concretas materiais e filosóficas para refutarem as doutrinas religiosas.
Porém, a atitude cética dos ateus os afastou de seu lado mais intuitivo e metafísico, aproximando-os do materialismo radical e do hedonismo4 aprisionando-os nas redes deMaya (ilusão).
Desta forma o ateísmo tomou força desde a antiguidade, saltando para o Renascimento, passando pelo Iluminismo e o Séc. XIX, com a Teoria do Evolucionismo, o uso indiscriminado da tecnologia e a fé inabalável na Ciência, mas a parte intuitiva e metafísica ficaram atrofiadas e sua visão de mundo resumiu-se aos fenômenos físicos, químicos e comportamentos básicos (instintivos) por parte do mundo e dos outros.
Entretanto célebres ateus, como o filosofo suíço Alain de Botton, o escritor Estadunidense Chris Stedman e o professor de Ciência Política Peter Steinberger, propõem um diálogo e posturas condizentes a fim de reforçar a posição dos ateus e do ateísmo em uma sociedade plural e livre, assim como assegurar as conquistas das Ciências nos campos da Natureza e uma aceitação maior pela diversificação de ideias e liberdade de expressão5.
Embora os ateus sejam grandes opositores das Religiões, religiosos e místicos iniciáticos, a posição deles já foi muito grande nas sociedades atuais, se tornaram importantes e necessárias, pois a função da oposição é esta: apontar e expor os erros e contradições, gerando um feedback e um postura de mudança nos atos6. Pois, a refutação é importante para os religiosos e místicos passarem a utilizar a razão, a investigação e a comparação analítica sem abandonar a fé e a sua essência intuitiva.
O ateísmo se tornou necessário para a sociedade e o seu crescimento civilizatório, porém se faz necessário abraçar e conhecer seus lados intuitivos e metafísicos sem abandonar o seu racionalismo cético que o leva a investigação.
Portanto ateus e agnósticos são pessoas que compõem o mosaico de ideias na sociedade, contribuindo com o diálogo e o progresso, pois devido as suas posturas racionais e abertas, com eles existe o diálogo, ao contrário dos fanáticos e fundamentalistas.
Notas e referências bibliográficas:
1N.A. (Nota do Autor) – Neste caso utilizaremos o termo “fundamentalista” como referencia aos adeptos que utilizam interpretações literais de suas doutrinas.
2N.A. - Escolas filosóficas védicas que rejeitavam a ideia de divindade, sendo aCarvakas mais materialista de todas.
3N.A. - Poeta e sofista grego manifestou-se contra a religião grega e os Mistérios Elêusinos.
4Hedonismo – Teoria filosófico moral que afirmava que o Prazer é o bem supremo da humanidade. Foi criado por Aristipo de Cirene ( C.435 – 335 a.C.), na Grécia. Ver MARCONDES, Danilo – Introdução a História da Filosofia: dos Pré- Socráticos a Wittengeistein – Editora Zahar – Rio de Janeiro – R.J. - Págs. 53 a 54. e TARNAS, Richard – A Epopeia do Pensamento Ocidental – Bertrand Brasil – Rio de Janeiro – R.J. - pág. 123.
5PONTES, Felipe e VENTICINQUE, Danilo – O Ateísmo “Paz e Amor” - In Revista Época nº 798 – Editora Globo – São Paulo – S.P. - págs. 58 e 60.
6COUTO, Ronaldo Costa – História Indiscreta da Ditadura e da Abertura– Brasil: 1964-1985 – Record –Rio de Janeiro – 2003– pág. 58.

Nenhum comentário:

Postar um comentário