quinta-feira, 9 de outubro de 2014

O Karma e nossos filhos.


“Não pedi para vir ao mundo!!!” - palavras de um jovem pirracento.

 Toda vez que uma criança nasce com alguma problema ou com enfermidades nos apiedamos da situação, com pouca solidariedade. Esta também é a primeira atitude dos pais.
Desta maneira, honrado (a) leitor (a), nos acorrentamos numa cadeia cíclica de sentimentos e ações. Pois, o correto seria nos solidarizarmos sem o peso da cultura do “coitado”. DE acordo com a razão e a Justiça o fato de uma criança nascer com os entraves existenciais ou com perfeição, mas munido de angústia são sintomas de um efeito sendo colhido, em virtude de ações semeadoras de um passado ou existência anterior.

Sendo assim, este processo se dá por causa de nossos apegos, gerados em doze elos (Nidanas) realizados pelas ações do pensamento, da fala e do corpo, principalmente através do apego as sensações e das ações cometidas, que semeiam outras causas e condições para gerarem efeitos.
Quando todas as condições para se manifestam e se aglutinam fica propício a manifestação do efeito semeado, porém, este efeito lança uma nova causa, gerando assim um círculo, uma cadeia de fenômenos que recusamos a manifestação, que como consequência causa mais angústia e dor.

Os pais que aceitaram a chegada dos filhos com entraves psicossomáticos kármicos, precisam ter em mente que o aceitaram com a missão de amenizar as dores existenciais a fim de proporcionar o resgate kármico através da compaixão. Embora, existam casos de pais com filhos dementes que causam mais dores e sofrimentos aos genitores e como consequência desgastes, tal fato expressa o Karma de todos os envolvidos nesta trama. Pois, como foi explicado no artigo “Sobre o Karma” este pode ser tanto uma missão como uma forma de colheita das ações.
Depois de explicarmos sobre o Karma de criança com deficiências físicas e mentais, concentremos o nosso olhar aos filhos sem aqueles entraves, mas que despejam suas angústias e frustrações ligadas aos desejos materiais e sentimentos desnecessários, que “sofrem” por não terem seus desejos atendidos e se “revoltam” por suas condições existenciais exibindo arrogâncias, pirraças e “rebeldias”.

Tal juventude não possui as entraves kármicas do corpo e da mente, muitas vezes não possuem os entraves financeiros, mais graves. Embora sejam afortunados ainda assim sofrem por não terem suas fomes materiais saciadas e nem tão pouco suas angustias existências aplacadas, pois se recusam a compreender a importância do desapego, causando muitas vezes desconforto emocional aos seus genitores, através de suas rebeldias e pirraças despejadas as pessoas ao seu redor, culpando-as de sua “dramática” existência.
É a partir deste ponto que podemos responder a retórica transcrita na apresentação deste artigo, em que a maioria dos jovens alegam que “não pediram para vir ao mundo”, pois não pediram, mas imploraram e criaram elos (Nidanas) que os acorrentaram ao mundo material, transitório e ilusório. E continuam gerando estes grilhões que os acorrentam, através de suas rebeldias e leviandades tirânicas.

Desta forma o Karma se manifesta tanto em pequenas coisas como nos entraves do corpo (Soma) como da mente (psique), passando pelos entraves financeiros e sociais e compete aos pais transmitir sabedoria, força e moralidade aos filhos a fim de lapidar o caráter destes jovens aprendizes.
Portanto, ao jovem que alegou não pedir para nascer e aos pais e familiares de crianças enfermas, não chorem e nem se lamentem, pois estes fenômenos fazem parte da vida.


* Este artigo é dedicado a professora Eneida Carnaval e sua filha Claudia, a minha esposa, minha sogra e ao meu filho, por estas famílias que transcenderam os entraves das doenças e que continuam lutando.

sábado, 28 de junho de 2014

A questão dos benefícios no Budismo.

Em resposta aos que perguntaram sobre quais são os benefícios no Budismo ou o que a prática nesta fé pode trazer.
Roda do Dharma


A fim de esclarecer aos consulentes sobre o Dharma e a prática para alcançá-lo, ou seja, o que significa o conceito de benefício e quais são os verdadeiros benefícios das práticas no Budismo.
Benefícios significam méritos coletados de ações (Karma) positivas desfrutadas pelos homens em uma ou várias vidas. Porém os homens contemporâneos os confundem com a aquisição de bens materiais (posses), a satisfação dos sentidos (prazeres sensoriais, momentâneos e exagerados), o despertar dos poderes paranormais e sobrenaturais (magia ou pequenas virtudes), cura de doenças ou efeitos físicos ou a eminência da morte, o que gera como conseqüências o apego à vida e o medo da morte.
Orquídea
Os benefícios relacionados às práticas expostas pelos ensinamentos do Budha Shakyamuni são o autoconhecimento, a compaixão e o despertar das seis virtudes (paramitas)[1] – generosidade, moralidade, sabedoria prajna, paciência, diligência e concentração - e compreensão, contemplação e plena atenção aos fenômenos (internos e externos). Sendo assim, os legados mais importantes deixado pelo Buddha foram a moralidade e a sabedoria, como caminhos para a plenitude da vida e como comunhão com a essência mais sagrada da vida. Assim como fez Jesus Christos que se empenhou em ensinar os homens de sua época e de seu país, os caminhos da moralidade e do respeito, através das contemplações metafísicas das práticas dos Essênios[2] e das austeridades estóicas[3].
Os Essênios e Jesus Christos
Porém, os homens comuns se atentam para as virtudes menores, ou seja, os poderes psíquicos e mágicos e os resultados de curto prazo ligados aos valores materiais e aos sentimentos desnecessários, assim como, a valorização da avareza, da vaidade, da quantidade e do desdém aos demais. Características, estas, defendidas e vociferadas pelos adeptos da Teologia da Prosperidade e do Budismo de Resultados, como valores para “a satisfação e a glória pessoais” e sinais de “bênçãos” e “salvações”.
Mas o papel fundamental dos ensinos expostos pelos avatares eram a plenitude da vida, a temporaneidade (impermanência) e as ferramentas importantes para atingirmos/despertarmos as nossas sabedorias e as comunhões com o Dharma contido em nossas essências e em nosso caráter.
Meditação
Pois como o Buddha havia exposto, aqueles que controlam seus desejos e as suas mentes alcançam as suas verdadeiras auto-realições, diminui as dores e as amarras de suas Rodas de Sansara[4].
Desta forma os ensinos expostos têm o objetivo de religar os homens aos seus lados mais sagrados e a viverem livres de desejos, das ilusões e dos apegos. Mas que os homens comuns, a plebe, a fim de manter seu apego às ilusões, as paixões intensas e aos valores efêmeros, desprezam esta proposta e buscam a anistia, através da retórica vazia e de uma atitude momentânea e teatralizada, uma falsa moral, da qual ele exige do outro, porém se atenta para a “espetacularização da fé”, gerando assim desonestidade intelectual e social e, conseqüentemente, aprofundando suas amarras kármicas[5].
Sábios e o Dharma


Notas e referências bibliograficas:
[1] YÜN, Hsing – Budismo: conceitos fundamentais – Editora Cultura - São Paulo – S.P. – 2005 – págs. 106 à 107.
[2] Os Essênios foram uma sociedade secreta de homens reclusos dedicados aos estudos esotéricos e metafísicos, considerados como um braço judaico das Ordens Esotéricas do Egito, que por sua vez eles transmitiram seus ensinos à Jesus Christos e aos seus discípulos de confiança. Foram registrados nos Manuscritos do Mar Morto. LEWIS, H. Spencer – As Doutrinas Secretas de Jesus – Grande Loja do Brasil – 1998 – pág. 17, MEUROIS-GIVAUDAN, Anne e Daniel – O Caminho dos Essênios: A vida oculta de Cristo relembrada– Editora Objetiva - pág. 119 e TARNAS, Richard – A Epopéia do Pensamento Ocidental – Bertrand Brasil – Rio de Janeiro – R.J. – 2008 – págs. 161 e 162.
[3] Segundo os historiadores cristãos e historiadores da filosofia o Estoicismo foi o elemento helenístico que influenciou a moralidade cristã e prática da austeridade no cotidiano. TARNAS, Richard – Op. Cit– págs. 119, 137 e 162 e . MARCONDES, Danilo – Iniciação à História da Filosofia: dos pré-socráticos à Wittgenstein– Editora Jorge Zahar – Rio de Janeiro – R.J. – 2010 – pág. 92.
[4] Darmapada:Adoutrina budista em versos – L&PM Editores – Poto Alegre – R.S. – 2009 – págs. 111 à 115 e YÜN, Hsing – Budismo Puro e Simples: Comentário sobre o Sutra das Oito Percepções dos Grandes Seres – Editora Cultura - São Paulo – S.P. – 2002 – págs. 08, 51 à 53.
[5] LIVRAGA, Jorge Angel – O Alquimista: A trilha de um jovem nas ciências ocultas – Editora Nova Acropole - Brasília – D.F. – 2010 – pág. 162.

Fé, fanatismo e convicção no cenário atual. - Apesar de vivermos em uma sociedade multicultural e com várias religiões assistimos horrorizados o fenômeno cíclico do fanatismo.

Símbolos religiosos

No cenário atual, pelo menos no Brasil, a religião ou as religiosidades estão em evidência no panorama cultural. Porém as pessoas demonstram um descontentamento com as religiões em virtude das atitudes erradas e das deturpações dos conceitos originais que compõe a Religião.
Vivemos em um país que tem uma pluralidade de religiões, que buscam através de suas mensagens conectarem os homens com o divino, ou seja, sua natureza sagrada e elevada. E através destas mensagens ocorre a manifestação da fé.
Fé é acreditar em algo ou em alguma coisa e torna-se o veículo que liga os seres humanos com a centelha divina, que habita em cada um dos homens, ou seja, sua essência sagrada.
A fé é um fenômeno subjetivo que pode ser explica através da psicologia, sociologia, História Cultural e pelo Estudo Comparado das religiões.
Flôr de pessegueiro
O estudo das doutrinas e o Estudo Comparado das religiões são investigações realizadas pelos discípulos ou iniciados a fim de compreender a fé e consolida-la dentro de si, adquirindo de forma racional, intuitiva e civilizatória, a Convicção.
Ter convicção é estar seguro do caminho a ser percorrido, sempre de forma clara, calma, pacífica e tolerante. Pois o convicto tolera as diferenças aceitando-as de forma sábia, pois compreende os outros e respeita os ritmos, os espaços e as opiniões alheias.
Buddha Shakyamuni
O Buddha Shakyamuni, através de seus discursos, incentivava os discípulos e seguidores a testarem à veracidade dos ensinos pregados por ele, ou seja, os seus discípulos deveriam investigar a aplicação e as verdades daquilo o que estava sendo pregado. Assim como, solicitava aos discípulos a valorizarem os Dharmas expostos em outras linhas de pensamento.
Quem tem Convicção respeita a liberdade religiosa e agrega os ensinos bons a sua vida. Ao passo que o fanatismo, que é a raiz da tirania e da intolerância, se torna um ataque à civilização, à convivência e uma aberração aos ensinamentos expostos pelos sábios e pelos Avatares.
Liberdade religiosaAvatares
Para o fanático não há outra opinião que não a dele, torna-se impossível manter um dialogo com um fanático, pois discursa em alto volume os seus “conceitos” e escarnecendo dos seus debatentes, ou seja, não existe o dialogo, mas dois monólogos ou a imposição de idéias.
O fanático é o fruto da imposição de doutrinas deturpadas e simplificadas, somadas à castração dos processos investigativos, à ignorância, medo e preguiça mental. Dentro do fanatismo não ocorre à investigação, pois se incentiva o pouco raciocínio e o afloramento das paixões. Em virtude desses fatores muitos crimes, excomunhões, execrações, desrespeitos e escárnios são cometidos.
FanatismoVítima da intolerância religiosa
E no cenário multi-religioso tem ocorrido o fanatismo devido à ignorância e aos pensamentos tortuosos dos povos do Brasil. Porém, este fenômeno é cíclico e já ocorreu outras vezes. A única saída é buscarmos a convicção e a tolerância. Como disse uma vez no filme Ágora2: “Há mais coisas que nos une, do que nos separam”3.
Assassinato de Hipátia

Notas e referências: 
1 - Avatar (sanscrito) - Descido dos Céus.
2 - Filme de Alejandro Amenabar (2010), veio para o Brasil com otítulo de Alexandria.
3 - Frase extraída do Filme Ágora e atribuida a Hipátia de Alexandria.

sexta-feira, 6 de junho de 2014

Ateísmo: Uma discussão analítica sincera.

Analisemos o ateísmo como um fenômeno sócio filosófico e sejamos justos com a posição ideológica dos ateus, pois eles são necessários.  
 
O ateísmo é a descrença em Deus ou Deuses e até em sistemas religiosos ou doutrinas. Sendo, os ateus,considerados como aberrações biológicas e hereges desafiadores e desrespeitosos, em virtude de suas posições e opiniões.
Os ateus são pessoas como nós e como todo mundo, diferentes, pois apresentam uma racionalidade mais aguçada que as demais pessoas. Podemos considerar este racionalismo agudo como uma virtude que impulsiona a prática da investigação filosófico-científica.
Contudo esta investigação se apresenta comum grau significativo de falhas, em virtude da ausência de comparação nos processos de pesquisa. Sendo que os fanáticos e os fundamentalistas1, também não o fazem. Aliás, a comparação é uma heresia mortal para os fanáticos e a investigação, para eles, precisa ser superficial, irreflexiva e legitimadora dos desvios morais, intelectuais e discursivos.
Retornemos as nossas atenções sobre os ateus e o ateísmo, por refutarem as crenças, opiniões e teorias abstratas, assim como, as ações e os discursos contraditórios de crentes e fanáticos religiosos, atraíram para ele rivalidades que beiram a Santa Inquisição.
O ateísmo foi uma ideia formada entre os Séculos VI a.C e V a.C pelas escolasSankhya, Mimansa e Carvakas2 e por Diágoras3, esta ideia foi tomando força devido a separação da ciência com a religião, fornecendo através de seus métodos investigativos, o fermento para suas bases, ou seja, a ciência deu as bases concretas materiais e filosóficas para refutarem as doutrinas religiosas.
Porém, a atitude cética dos ateus os afastou de seu lado mais intuitivo e metafísico, aproximando-os do materialismo radical e do hedonismo4 aprisionando-os nas redes deMaya (ilusão).
Desta forma o ateísmo tomou força desde a antiguidade, saltando para o Renascimento, passando pelo Iluminismo e o Séc. XIX, com a Teoria do Evolucionismo, o uso indiscriminado da tecnologia e a fé inabalável na Ciência, mas a parte intuitiva e metafísica ficaram atrofiadas e sua visão de mundo resumiu-se aos fenômenos físicos, químicos e comportamentos básicos (instintivos) por parte do mundo e dos outros.
Entretanto célebres ateus, como o filosofo suíço Alain de Botton, o escritor Estadunidense Chris Stedman e o professor de Ciência Política Peter Steinberger, propõem um diálogo e posturas condizentes a fim de reforçar a posição dos ateus e do ateísmo em uma sociedade plural e livre, assim como assegurar as conquistas das Ciências nos campos da Natureza e uma aceitação maior pela diversificação de ideias e liberdade de expressão5.
Embora os ateus sejam grandes opositores das Religiões, religiosos e místicos iniciáticos, a posição deles já foi muito grande nas sociedades atuais, se tornaram importantes e necessárias, pois a função da oposição é esta: apontar e expor os erros e contradições, gerando um feedback e um postura de mudança nos atos6. Pois, a refutação é importante para os religiosos e místicos passarem a utilizar a razão, a investigação e a comparação analítica sem abandonar a fé e a sua essência intuitiva.
O ateísmo se tornou necessário para a sociedade e o seu crescimento civilizatório, porém se faz necessário abraçar e conhecer seus lados intuitivos e metafísicos sem abandonar o seu racionalismo cético que o leva a investigação.
Portanto ateus e agnósticos são pessoas que compõem o mosaico de ideias na sociedade, contribuindo com o diálogo e o progresso, pois devido as suas posturas racionais e abertas, com eles existe o diálogo, ao contrário dos fanáticos e fundamentalistas.
Notas e referências bibliográficas:
1N.A. (Nota do Autor) – Neste caso utilizaremos o termo “fundamentalista” como referencia aos adeptos que utilizam interpretações literais de suas doutrinas.
2N.A. - Escolas filosóficas védicas que rejeitavam a ideia de divindade, sendo aCarvakas mais materialista de todas.
3N.A. - Poeta e sofista grego manifestou-se contra a religião grega e os Mistérios Elêusinos.
4Hedonismo – Teoria filosófico moral que afirmava que o Prazer é o bem supremo da humanidade. Foi criado por Aristipo de Cirene ( C.435 – 335 a.C.), na Grécia. Ver MARCONDES, Danilo – Introdução a História da Filosofia: dos Pré- Socráticos a Wittengeistein – Editora Zahar – Rio de Janeiro – R.J. - Págs. 53 a 54. e TARNAS, Richard – A Epopeia do Pensamento Ocidental – Bertrand Brasil – Rio de Janeiro – R.J. - pág. 123.
5PONTES, Felipe e VENTICINQUE, Danilo – O Ateísmo “Paz e Amor” - In Revista Época nº 798 – Editora Globo – São Paulo – S.P. - págs. 58 e 60.
6COUTO, Ronaldo Costa – História Indiscreta da Ditadura e da Abertura– Brasil: 1964-1985 – Record –Rio de Janeiro – 2003– pág. 58.

quarta-feira, 26 de março de 2014

Considerações sobre o batismo e as iniciações pueris.

Pode uma criança ser iniciada antes dos sete anos de idade? Abordamos esta questão através do Estudo comparado, da antropologia e da psicologia Jungiana.
Quando uma criança nasce a quarta preocupação da família1 e, às vezes, dos pais é batizar o recém-nascido. Precisamos entender que o batismo é um rito de passagem. E todo rito de passagem é um processo mítico e místico de transição de um arquétipo, neste caso específico, infantil para um arquétipo da maturidade ligado a espiritualidade, como nos explicava Carl G. Jung.
Sendo um rito de passagem ligado a transição de arquétipos interiores se faz necessário a consciência do ato, ou seja, a pessoa tem que desejar e merecer este tipo de iniciação. Pois ela será colocada de frente com um conjunto de ensinos, ferramentas e contatos que o levarão aos caminhos evolutivos da espiritualidade e ao conhecimento de mistérios, que necessita de maturidade para ingressar na senda.
Não utilizando a consciência (maturidade) fica inviável a iniciação a uma criança, pois do seu nascimento até os sete anos o infante conhece o seu próprio corpo e o explora. Nos anos posteriores conhecerá, se identificará e utilizará os seus níveis de Energia Vital (Chi ou Prana2), emocionais e uma parte de sua mente3.
Bambu
A partir da atualização parcial de sua mente, entre os 21 à 28 anos ou período pré-vestibular e testes vocacionais, é que podemos colocar e confortar o jovem com o processo de iniciação a fim de transformar sua Criança-espiritual em oMago ou a Mulher Sacerdotisa4, antes disso o inserimos nas doutrinas de forma didática e quase superficial no intuito de ligá-lo a seu Dharma e moldar o seu caráter.
Algum tempo atrás o batismo havia se tornado uma formalidade para atender a aceitação de uma criança ou uma pessoa nos meios sociais, colocá-la em uma rede de proteção – este motivo tinha o objetivo de inseri-lo em um processo de proteções diversas, esta prática foi largamente utilizada no período colonial no Brasil até os dias de hoje, principalmente no Nepotismo político ou corporativismo institucional-religioso – evitar traumas psicológicos na criança, “purificar” a criança do pecado dos pais (a concepção) e proteger a criança dos Males noturnos.
Nepotismo
Desta forma o rito do batismo se tornou exotérico, vazio, em virtude dos motivos supracitados. Para Paramahansa Yogananda, o Batismo é uma prática de comunhão com Deus e que para sua realização o postulante ou neófito precisa cônscio de sua inserção no Mistério que se apresentará5.
Atualmente, este rito de passagem esta cada vez mais vazio, ou seja, mais exotérico do que esotérico, atendendo apenas formalidades mundanas e supersticiosas. O que levará o jovem ao questionamento da doutrina em que foi colocado e não foi trabalhado em seu processo de aprendizagem e despertar. Que por sua vez poderá cair no intelectualismo vazio ou nos caminhos mais sombrios de suas jornadas ou no materialismo e hedonismo.
Entre tantas doutrinas religiosas, que não realizam a iniciação pueril, por não ter esta prática, respeitando a liberdade religiosa e compreender os ritmos da Vida, do homem, do Universo e da Natureza. A Wicca, tem um ritual que atende a necessidade de unção de benção, com proteções e o despertar das virtudes latentes através do ato de ungir a criança com óleos essenciais, ligados as virtudes e potências do recém-nascido, lógico que posteriormente irá exigir o trabalho educacional do pais e do Karma da criança.
WiccaAncestralidade indígena
Destacamos, também neste presente artigo, as iniciações pueris dos índios, em que eles apresentam seus filhos recém-nascidos aos Espíritos Ancestrais. Promovendo desta forma um encontro entre gerações desencarnadas com as reencarnadas e iniciando o infante nos caminhos da ancestralidade e nos pequenos mistérios da Família de forma intuitiva.
Estes rituais propostos pela Wicca e pelos índios parecem ser mais coerentes e sinceros para as crianças. E isto é um assunto para se refletir honrados leitores.
A Iniciada
Notas:
1N.A. (nota do Autor) - As três primeiras são o sexo, o nome e o registro.
2N.A – Chi (chinês) Prana (sanscrito) – significam a energia vital tanto da pessoa quanto do Universo.
3N.A. - Esta parte da mente voltada as questões do mundo material-objetivo e concreto, ou seja ligada ao desejo, que os orientais à chamam de Kama-Manas, que não é Manas (a Mente) pura.
4N.A. - Tais arquétipos foram proposições de Carl G. Jung em suas analises.
5Ver em YOGANANDA, Paramahansa – A Yoga de Jesus Cristo.



quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Bons Sonhos e uma breve reflexão - a importância sobre as preces e meditações antes de dormir.


...um bom sono para você e um alegre despertar” - trecho da propaganda dos cobertores Parahyba


Toda vez que íamos dormir nossos pais solicitavam que fizessemos uma prece antes de nos deitarmos, deles lerêm uma estória e pegarmos nom sono. Alegavam que pedissemos aos nosso guardiões para nos protegerem dos males e dos pesadelos, conseqüente desta prática teriamos uma boa noite de sono.

Assim como nossos pais os monges e monjas nos sugerem praticarmos uma meditação antes de dormirmos, e também, incentivam a recitação de preces e uma reflexão referente as atividades cotidianas.

Pois durante o sono, ficamos vulneráveis aos desejos de nossa mente, gerando causas, e as formas-pensamentos famintas por energias vitais. Como foi dito nos artigos anteriores toda causa se inicia no pensamento e como somos seres sencientes, cônscios de nossas ações sabemos que pensamento é causa, por isso devemos ter cuidado com o que pensamos e com o que sonhamos, pois as atividades mentais não cessam durante o sono, gerando causas1. O Buddha afirmou que somos frutos de nossos pensamentos, ele nos ensinava que durante toda u,a vida geramos causas por pensamentos, pois como nos ensinava o Buddha “a mente é como um macaco ensandecido e faminto”. Neste presente artigo concentremos nossas atenções nas atividades mentais durante o sono, ou seja, os sonhos.

Portanto, antes de dormirmos poderíamos fazer a meditação a fim de conhecer a dinâmica de nossos pensamentos e emoções com isso esvaziá-los e controlá-los, respectivamente. Assim como devemos fazer preces para nos proteger das formas-pensamento prejudiciais a vida e ao bem-estar.

Através destas ferramentas, antes de dormir adquirimos o auto-controle, o auto-conhecimento e a auto-realização. Sendo estas virtudes aristocráticas, defendidas pelos ensinamentos expostos pelo Buddha Shakyamuni. Pois, a aristocracia se começa com virtudes cotidianas, ou seja, ações, palavras e pensamentos retos e, principalmente, com o combate as nossas vicissitudes e ao nosso lado sombrio e negativo2.

Por isso a aristocracia se relaciona com ideais sublimes, cujo início é o auto-controle. Pois cometemos causas em sonhos e devemos, mesmo no mundo onírico, vivenciarmos as nossas virtudes.

A verdadeira liberdade consiste no domínio dos impulsos”

Epícteto3



Uma breve reflexão:

Durante três anos o presente colunista, que escreve para a categoria “Religiões outras” (nosso grifo), fora feito utilizando as doutrinas e as ferramentas expostas pelo Buddha somadas ao Estudo Comparado das Religiões a fim de colaborar com o processo civilizatório, perdido em nossa sociedade. As vezes precisamos retornar a fonte, a raiz, de onde viemos a fim de nos reconectarmos conosco e recuperarmos a nossa essência. Pois nos tornamos mais exotéricos4, ou seja, mais voltados para o externo, para as formas e rituais vazios do que ser reflexivos e interiorizados, pois temos uma vida interior e não a buscamos.

Assim como tentar trazer compreensão sobre os ensinamentos expostos pelo Buddha Shakyamuni para a humanidade. Ensinamentos estes que refinam a nobreza humana e nos reconectam com o nosso caminho esquecido pelo apego ao mundo material e as sensações de prazer, assim como a recusa da dor, que através da moralidade e do conhecimento da Lei de Causa e Efeito (Dharma e Karma). Tentativa de compreensão cujo objetivo é trazer o respeito a um ensino antigo, atemporal e desconhecido para nós ocidentais angustiados pelo nosso devir histórico e por nossa falta de prática com os ensinos esotéricos5 e atemporais.

Tais ensinos nos mostram a realidade da dor, sua origem, sua natureza inevitável e pedagógica, mas que podemos controlá-la através da não-identificação com ela e de observá-la como um método pedagogico para a nossa caminhada rumo ao Nirvana.

Sendo assim o onbjetivo deste colunista, que vos escreve, é apresentar um dos muitos caminhos que nos conduzem a auto-realização e a conexão com o Dharma, através do caminhom interior deixado pelos grandes sábios do passado.

Notas:
1N.A. (Nota do autor) – Durante o repouso noturno, sono, a mente continua funcionando, pois este período é de descanso do corpo.

2N.A. - Todos nós possuimos as nossas Sombras, um Eu em descordo com o Dharma. Apegado a matéria e as sensações.

3Epiícteto – Filosofo estóico romano, foi escravo de Epafrodito, sendo este um secretário de Nero. Foi contemporâneo de Sêneca e escreveu um livro dobre a Filosofia Estóica o “Enkeridion”.

4N.A. - Ensinos aberto a todos, rituais e cerimônias populares com a participação da população.

5N.A. - Ensinos ministrados a um círculo seleto de pessoas.

domingo, 26 de janeiro de 2014

Rádio Budista - Os ensinamentos, a filosofia e os princípios.


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Buddha Amitabha.

O Buddha Amitabha é um Buddha reverenciado, juntamente com o Buddha Shakyamuni, pela escola Terra Pura, a fim de obter méritos para renascer em um mundo de suprema felicidade.
A história sobre o Buddha Amitabha (Buda da Luz Infinita) é descrita pelo Buddha Shakyamuni no Grande Sutra da Vida Imensurável, ao qual em um passado imemorial e, provavelmente, em um universo diferente, um rei de nome Dharmakara, que renunciou ao seu trono e reino se tornou discípulo do Buddha Lokeshvara-raja (Buda Rei do Mundo), diante do qual formulou o solene voto, entre quarenta e oito votos, de construir uma Terra de Pureza em que iriam nascer todos os que invocassem com fé sincera o seu nome e buscasse através de boas ações, pensamentos e palavras corretas, acumular méritos. Ele se torna Buddha com o nome de Amitabha (Luz Infinita), prova que seu voto foi realizado e é eficaz.
Este discurso feito pelo Buddha Shakyamuni nos leva a três tipos de análises. A primeira, de cunho místico-religioso, o Buddha Shakyamuni tem o conhecimento sobre outros Buddhas em diferentes lugares e outras épocas, aos quais ele situa em seis pontos cardeais: norte, leste, sul, oeste, nadir (abaixo) e zenitê (acima). Mundos dos quais eles emprestam, doam, suas energias para a manutenção destes mundos. São tempos-lugar, outros mundos de boa-venturança, em que são regidos por esses Buddhas, graças aos seus poderes sobrenaturais, suas compaixões e bondades amorosas. A diferença entre eles e o Buddha Shakyamuni é que por serem de universos diferentes, eles possuem o Dharmakaya (Corpo do Dharma) e o Sambhogakaya (Corpo de Méritos ou deleites), mas não possuem o Nirmanakaya (Corpo Manifesto – Corpo físico). Suas manifestações em nosso mundo Saha (mundo de ilusões) se dão através de suas energias e louvores prestados por eles, mas nunca fisicamente. A segunda análise, filosofica-religiosa, é que esta terra de pureza esta dentro de nós, quando atingimos a pureza de nossos corações, conhecemos o Buddha Amitabha existentes em nos interiores de nossas essências, a partir do momento em que alcançamos o Nirvana. Conforme explicou uma vez Sua Santidade o Dalai Lama, em uma palestra sobre a cidade de Shamballa, em que para se chegar a ela, somente atingindo a candura de nossas mentes, da mesma forma é a jornada para esta terra de imensa felicidade.
A terceira análise é que por conhecer estes mundos, em virtude de seus poderes transcedentais, de ver e estar nestes lugares – eis aí uma das formas de manifestações dos milagres (poderes realizados) do Buddha Shakyamuni – ele nos incita a cultivar méritos, recitar o nome do Buddha Amitabha, em louvor aos seus méritos, e se refugiar nele para que homens e mulheres retos possam renascer nesta terra de boa-venturança e alcançarem o Nirvana. Pois, neste mundo, a Terra Pura Ocidental, é habitado por Arharts e Bodhisatvas, porém, se deve ressaltar que o Buddha Shakyamuni reverenciava a ele e a outros Buddhas, em uma cadeia infinita – eis aí uma atitude que ele exemplifica para que a humanidade deva realizar, também.
Sendo assim, o Buddha Amitabha é um Buddha que possibilita aos homens e mulheres alcançarem a libertação de suas existências, através de sua luz e de seus votos para libertar os seres sencientes das suas amarras samsáricas. Porém, para renascer na terra deste Buddha se faz necessário acumular méritos, muitos méritos, e se abster dos males que possamos cometer.