“Não pedi para vir ao mundo!!!” -
palavras de um jovem pirracento.
Toda vez que uma criança nasce com alguma problema ou com
enfermidades nos apiedamos da situação, com pouca solidariedade.
Esta também é a primeira atitude dos pais.
Desta maneira, honrado (a) leitor (a), nos acorrentamos numa cadeia
cíclica de sentimentos e ações. Pois, o correto seria nos
solidarizarmos sem o peso da cultura do “coitado”. DE acordo com
a razão e a Justiça o fato de uma criança nascer com os entraves
existenciais ou com perfeição, mas munido de angústia são
sintomas de um efeito sendo colhido, em virtude de ações semeadoras
de um passado ou existência anterior.
Sendo assim, este processo se dá por causa de nossos apegos, gerados
em doze elos (Nidanas) realizados pelas ações do pensamento,
da fala e do corpo, principalmente através do apego as sensações e
das ações cometidas, que semeiam outras causas e condições para
gerarem efeitos.
Quando todas as condições para se manifestam e se aglutinam fica
propício a manifestação do efeito semeado, porém, este efeito
lança uma nova causa, gerando assim um círculo, uma cadeia de
fenômenos que recusamos a manifestação, que como consequência
causa mais angústia e dor.
Os pais que aceitaram a chegada dos filhos com entraves
psicossomáticos kármicos, precisam ter em mente que o aceitaram com
a missão de amenizar as dores existenciais a fim de proporcionar o
resgate kármico através da compaixão. Embora, existam casos de
pais com filhos dementes que causam mais dores e sofrimentos aos
genitores e como consequência desgastes, tal fato expressa o Karma
de todos os envolvidos nesta trama. Pois, como foi explicado no
artigo “Sobre o Karma” este pode ser tanto uma missão como uma
forma de colheita das ações.
Depois de explicarmos sobre o Karma de criança com deficiências
físicas e mentais, concentremos o nosso olhar aos filhos sem aqueles
entraves, mas que despejam suas angústias e frustrações ligadas
aos desejos materiais e sentimentos desnecessários, que “sofrem”
por não terem seus desejos atendidos e se “revoltam” por suas
condições existenciais exibindo arrogâncias, pirraças e
“rebeldias”.
Tal juventude não possui as entraves kármicas do corpo e da mente,
muitas vezes não possuem os entraves financeiros, mais graves.
Embora sejam afortunados ainda assim sofrem por não terem suas fomes
materiais saciadas e nem tão pouco suas angustias existências
aplacadas, pois se recusam a compreender a importância do desapego,
causando muitas vezes desconforto emocional aos seus genitores,
através de suas rebeldias e pirraças despejadas as pessoas ao seu
redor, culpando-as de sua “dramática” existência.
É a partir deste ponto que podemos responder a retórica transcrita
na apresentação deste artigo, em que a maioria dos jovens alegam
que “não pediram para vir ao mundo”, pois não pediram, mas
imploraram e criaram elos (Nidanas) que os acorrentaram ao
mundo material, transitório e ilusório. E continuam gerando estes
grilhões que os acorrentam, através de suas rebeldias e leviandades
tirânicas.
Desta forma o Karma se manifesta tanto em pequenas coisas como nos
entraves do corpo (Soma) como da mente (psique), passando pelos
entraves financeiros e sociais e compete aos pais transmitir
sabedoria, força e moralidade aos filhos a fim de lapidar o caráter
destes jovens aprendizes.
Portanto, ao jovem que alegou não pedir para nascer e aos pais e
familiares de crianças enfermas, não chorem e nem se lamentem, pois
estes fenômenos fazem parte da vida.
* Este artigo é dedicado a professora Eneida Carnaval e sua filha
Claudia, a minha esposa, minha sogra e ao meu filho, por estas
famílias que transcenderam os entraves das doenças e que continuam
lutando.