quarta-feira, 26 de março de 2014

Considerações sobre o batismo e as iniciações pueris.

Pode uma criança ser iniciada antes dos sete anos de idade? Abordamos esta questão através do Estudo comparado, da antropologia e da psicologia Jungiana.
Quando uma criança nasce a quarta preocupação da família1 e, às vezes, dos pais é batizar o recém-nascido. Precisamos entender que o batismo é um rito de passagem. E todo rito de passagem é um processo mítico e místico de transição de um arquétipo, neste caso específico, infantil para um arquétipo da maturidade ligado a espiritualidade, como nos explicava Carl G. Jung.
Sendo um rito de passagem ligado a transição de arquétipos interiores se faz necessário a consciência do ato, ou seja, a pessoa tem que desejar e merecer este tipo de iniciação. Pois ela será colocada de frente com um conjunto de ensinos, ferramentas e contatos que o levarão aos caminhos evolutivos da espiritualidade e ao conhecimento de mistérios, que necessita de maturidade para ingressar na senda.
Não utilizando a consciência (maturidade) fica inviável a iniciação a uma criança, pois do seu nascimento até os sete anos o infante conhece o seu próprio corpo e o explora. Nos anos posteriores conhecerá, se identificará e utilizará os seus níveis de Energia Vital (Chi ou Prana2), emocionais e uma parte de sua mente3.
Bambu
A partir da atualização parcial de sua mente, entre os 21 à 28 anos ou período pré-vestibular e testes vocacionais, é que podemos colocar e confortar o jovem com o processo de iniciação a fim de transformar sua Criança-espiritual em oMago ou a Mulher Sacerdotisa4, antes disso o inserimos nas doutrinas de forma didática e quase superficial no intuito de ligá-lo a seu Dharma e moldar o seu caráter.
Algum tempo atrás o batismo havia se tornado uma formalidade para atender a aceitação de uma criança ou uma pessoa nos meios sociais, colocá-la em uma rede de proteção – este motivo tinha o objetivo de inseri-lo em um processo de proteções diversas, esta prática foi largamente utilizada no período colonial no Brasil até os dias de hoje, principalmente no Nepotismo político ou corporativismo institucional-religioso – evitar traumas psicológicos na criança, “purificar” a criança do pecado dos pais (a concepção) e proteger a criança dos Males noturnos.
Nepotismo
Desta forma o rito do batismo se tornou exotérico, vazio, em virtude dos motivos supracitados. Para Paramahansa Yogananda, o Batismo é uma prática de comunhão com Deus e que para sua realização o postulante ou neófito precisa cônscio de sua inserção no Mistério que se apresentará5.
Atualmente, este rito de passagem esta cada vez mais vazio, ou seja, mais exotérico do que esotérico, atendendo apenas formalidades mundanas e supersticiosas. O que levará o jovem ao questionamento da doutrina em que foi colocado e não foi trabalhado em seu processo de aprendizagem e despertar. Que por sua vez poderá cair no intelectualismo vazio ou nos caminhos mais sombrios de suas jornadas ou no materialismo e hedonismo.
Entre tantas doutrinas religiosas, que não realizam a iniciação pueril, por não ter esta prática, respeitando a liberdade religiosa e compreender os ritmos da Vida, do homem, do Universo e da Natureza. A Wicca, tem um ritual que atende a necessidade de unção de benção, com proteções e o despertar das virtudes latentes através do ato de ungir a criança com óleos essenciais, ligados as virtudes e potências do recém-nascido, lógico que posteriormente irá exigir o trabalho educacional do pais e do Karma da criança.
WiccaAncestralidade indígena
Destacamos, também neste presente artigo, as iniciações pueris dos índios, em que eles apresentam seus filhos recém-nascidos aos Espíritos Ancestrais. Promovendo desta forma um encontro entre gerações desencarnadas com as reencarnadas e iniciando o infante nos caminhos da ancestralidade e nos pequenos mistérios da Família de forma intuitiva.
Estes rituais propostos pela Wicca e pelos índios parecem ser mais coerentes e sinceros para as crianças. E isto é um assunto para se refletir honrados leitores.
A Iniciada
Notas:
1N.A. (nota do Autor) - As três primeiras são o sexo, o nome e o registro.
2N.A – Chi (chinês) Prana (sanscrito) – significam a energia vital tanto da pessoa quanto do Universo.
3N.A. - Esta parte da mente voltada as questões do mundo material-objetivo e concreto, ou seja ligada ao desejo, que os orientais à chamam de Kama-Manas, que não é Manas (a Mente) pura.
4N.A. - Tais arquétipos foram proposições de Carl G. Jung em suas analises.
5Ver em YOGANANDA, Paramahansa – A Yoga de Jesus Cristo.



quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Bons Sonhos e uma breve reflexão - a importância sobre as preces e meditações antes de dormir.


...um bom sono para você e um alegre despertar” - trecho da propaganda dos cobertores Parahyba


Toda vez que íamos dormir nossos pais solicitavam que fizessemos uma prece antes de nos deitarmos, deles lerêm uma estória e pegarmos nom sono. Alegavam que pedissemos aos nosso guardiões para nos protegerem dos males e dos pesadelos, conseqüente desta prática teriamos uma boa noite de sono.

Assim como nossos pais os monges e monjas nos sugerem praticarmos uma meditação antes de dormirmos, e também, incentivam a recitação de preces e uma reflexão referente as atividades cotidianas.

Pois durante o sono, ficamos vulneráveis aos desejos de nossa mente, gerando causas, e as formas-pensamentos famintas por energias vitais. Como foi dito nos artigos anteriores toda causa se inicia no pensamento e como somos seres sencientes, cônscios de nossas ações sabemos que pensamento é causa, por isso devemos ter cuidado com o que pensamos e com o que sonhamos, pois as atividades mentais não cessam durante o sono, gerando causas1. O Buddha afirmou que somos frutos de nossos pensamentos, ele nos ensinava que durante toda u,a vida geramos causas por pensamentos, pois como nos ensinava o Buddha “a mente é como um macaco ensandecido e faminto”. Neste presente artigo concentremos nossas atenções nas atividades mentais durante o sono, ou seja, os sonhos.

Portanto, antes de dormirmos poderíamos fazer a meditação a fim de conhecer a dinâmica de nossos pensamentos e emoções com isso esvaziá-los e controlá-los, respectivamente. Assim como devemos fazer preces para nos proteger das formas-pensamento prejudiciais a vida e ao bem-estar.

Através destas ferramentas, antes de dormir adquirimos o auto-controle, o auto-conhecimento e a auto-realização. Sendo estas virtudes aristocráticas, defendidas pelos ensinamentos expostos pelo Buddha Shakyamuni. Pois, a aristocracia se começa com virtudes cotidianas, ou seja, ações, palavras e pensamentos retos e, principalmente, com o combate as nossas vicissitudes e ao nosso lado sombrio e negativo2.

Por isso a aristocracia se relaciona com ideais sublimes, cujo início é o auto-controle. Pois cometemos causas em sonhos e devemos, mesmo no mundo onírico, vivenciarmos as nossas virtudes.

A verdadeira liberdade consiste no domínio dos impulsos”

Epícteto3



Uma breve reflexão:

Durante três anos o presente colunista, que escreve para a categoria “Religiões outras” (nosso grifo), fora feito utilizando as doutrinas e as ferramentas expostas pelo Buddha somadas ao Estudo Comparado das Religiões a fim de colaborar com o processo civilizatório, perdido em nossa sociedade. As vezes precisamos retornar a fonte, a raiz, de onde viemos a fim de nos reconectarmos conosco e recuperarmos a nossa essência. Pois nos tornamos mais exotéricos4, ou seja, mais voltados para o externo, para as formas e rituais vazios do que ser reflexivos e interiorizados, pois temos uma vida interior e não a buscamos.

Assim como tentar trazer compreensão sobre os ensinamentos expostos pelo Buddha Shakyamuni para a humanidade. Ensinamentos estes que refinam a nobreza humana e nos reconectam com o nosso caminho esquecido pelo apego ao mundo material e as sensações de prazer, assim como a recusa da dor, que através da moralidade e do conhecimento da Lei de Causa e Efeito (Dharma e Karma). Tentativa de compreensão cujo objetivo é trazer o respeito a um ensino antigo, atemporal e desconhecido para nós ocidentais angustiados pelo nosso devir histórico e por nossa falta de prática com os ensinos esotéricos5 e atemporais.

Tais ensinos nos mostram a realidade da dor, sua origem, sua natureza inevitável e pedagógica, mas que podemos controlá-la através da não-identificação com ela e de observá-la como um método pedagogico para a nossa caminhada rumo ao Nirvana.

Sendo assim o onbjetivo deste colunista, que vos escreve, é apresentar um dos muitos caminhos que nos conduzem a auto-realização e a conexão com o Dharma, através do caminhom interior deixado pelos grandes sábios do passado.

Notas:
1N.A. (Nota do autor) – Durante o repouso noturno, sono, a mente continua funcionando, pois este período é de descanso do corpo.

2N.A. - Todos nós possuimos as nossas Sombras, um Eu em descordo com o Dharma. Apegado a matéria e as sensações.

3Epiícteto – Filosofo estóico romano, foi escravo de Epafrodito, sendo este um secretário de Nero. Foi contemporâneo de Sêneca e escreveu um livro dobre a Filosofia Estóica o “Enkeridion”.

4N.A. - Ensinos aberto a todos, rituais e cerimônias populares com a participação da população.

5N.A. - Ensinos ministrados a um círculo seleto de pessoas.

domingo, 26 de janeiro de 2014

Rádio Budista - Os ensinamentos, a filosofia e os princípios.


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Buddha Amitabha.

O Buddha Amitabha é um Buddha reverenciado, juntamente com o Buddha Shakyamuni, pela escola Terra Pura, a fim de obter méritos para renascer em um mundo de suprema felicidade.
A história sobre o Buddha Amitabha (Buda da Luz Infinita) é descrita pelo Buddha Shakyamuni no Grande Sutra da Vida Imensurável, ao qual em um passado imemorial e, provavelmente, em um universo diferente, um rei de nome Dharmakara, que renunciou ao seu trono e reino se tornou discípulo do Buddha Lokeshvara-raja (Buda Rei do Mundo), diante do qual formulou o solene voto, entre quarenta e oito votos, de construir uma Terra de Pureza em que iriam nascer todos os que invocassem com fé sincera o seu nome e buscasse através de boas ações, pensamentos e palavras corretas, acumular méritos. Ele se torna Buddha com o nome de Amitabha (Luz Infinita), prova que seu voto foi realizado e é eficaz.
Este discurso feito pelo Buddha Shakyamuni nos leva a três tipos de análises. A primeira, de cunho místico-religioso, o Buddha Shakyamuni tem o conhecimento sobre outros Buddhas em diferentes lugares e outras épocas, aos quais ele situa em seis pontos cardeais: norte, leste, sul, oeste, nadir (abaixo) e zenitê (acima). Mundos dos quais eles emprestam, doam, suas energias para a manutenção destes mundos. São tempos-lugar, outros mundos de boa-venturança, em que são regidos por esses Buddhas, graças aos seus poderes sobrenaturais, suas compaixões e bondades amorosas. A diferença entre eles e o Buddha Shakyamuni é que por serem de universos diferentes, eles possuem o Dharmakaya (Corpo do Dharma) e o Sambhogakaya (Corpo de Méritos ou deleites), mas não possuem o Nirmanakaya (Corpo Manifesto – Corpo físico). Suas manifestações em nosso mundo Saha (mundo de ilusões) se dão através de suas energias e louvores prestados por eles, mas nunca fisicamente. A segunda análise, filosofica-religiosa, é que esta terra de pureza esta dentro de nós, quando atingimos a pureza de nossos corações, conhecemos o Buddha Amitabha existentes em nos interiores de nossas essências, a partir do momento em que alcançamos o Nirvana. Conforme explicou uma vez Sua Santidade o Dalai Lama, em uma palestra sobre a cidade de Shamballa, em que para se chegar a ela, somente atingindo a candura de nossas mentes, da mesma forma é a jornada para esta terra de imensa felicidade.
A terceira análise é que por conhecer estes mundos, em virtude de seus poderes transcedentais, de ver e estar nestes lugares – eis aí uma das formas de manifestações dos milagres (poderes realizados) do Buddha Shakyamuni – ele nos incita a cultivar méritos, recitar o nome do Buddha Amitabha, em louvor aos seus méritos, e se refugiar nele para que homens e mulheres retos possam renascer nesta terra de boa-venturança e alcançarem o Nirvana. Pois, neste mundo, a Terra Pura Ocidental, é habitado por Arharts e Bodhisatvas, porém, se deve ressaltar que o Buddha Shakyamuni reverenciava a ele e a outros Buddhas, em uma cadeia infinita – eis aí uma atitude que ele exemplifica para que a humanidade deva realizar, também.
Sendo assim, o Buddha Amitabha é um Buddha que possibilita aos homens e mulheres alcançarem a libertação de suas existências, através de sua luz e de seus votos para libertar os seres sencientes das suas amarras samsáricas. Porém, para renascer na terra deste Buddha se faz necessário acumular méritos, muitos méritos, e se abster dos males que possamos cometer.

Kung-an (Koan): A teia de aranha e o Buddha.

Este Kung-an nos apresenta a importância das ações karmicas, assim como, termos sabedoria para aproveitarmos a segunda chance, que nos é dada.
Era uma vez no antigo Oriente um assassino, um homem cruel e perverso, temido por todos. Não poupava nada e nem a ninguém. Um dia uma aranha cruzou o caminho deste terrível homicida. Então, ele olhou para o aracnídeo, riu e falou: -“Podeis passar em paz! Pobre criatura! Não farei-te mal algum. Não, desta vez. Poupo-te do flagelo de uma morte.”
O Buddha e os Devas, nos Reinos Superiores, observaram tal atitude e o reverenciaram. E assim prosseguiu sua jornada, até se deparar com um combate e perecer na peleja. Porém, este verdugo foi renascer no Narak (inferno), em virtude de suas ações maldosas, passando alguns aeons[1] de existências nas trevas e na dor. O Buddha ao observar a dor deste homicida, resolveu interceder por ele, pois ele havia poupado uma vida e permitiu a jornada daquele ser, sem um impedimento. Então o Buddha utilizou o expediente da compaixão e teceu uma mística teia, a partir de suas mãos, até chegar ao condenado, para que assim ele pudesse ter uma nova oportunidade. A teia ao chegar até o ex-assassino tocou nele, então ele a agarrou e começou a subir, porém os demais condenados correram até ele e a teia. Então o Ex-assassino começou a chutá-los e insultá-los.
- “Saiam seus malditos; desgraçados! Vão arrebentar a minha teia! Saiam antes que os mate de novo, seus suínos!” Então o Buddha observando tudo se entristeceu e soltou uma lágrima mais pesada que uma peça de chumbo, que atingiu a teia a partindo e conseqüentemente o homicida caiu de volta ao Narak.
Ao lermos este kung-an podemos observar três lições morais. Quando o assassino poupa a vida da aranha e a permite passar, nos e apresentado um dos grandes ensinamentos budista: Se abster do mal e fazer o bem. Pois todas as criaturas são dignas de respeito, assim como as situações. Sobre fazer o bem é beneficiar as criaturas com o que lhes falta ou apóia-las em momentos difíceis ou não obstruir suas jornadas, respeitando seus momentos. A partir do momento anterior descrito podemos observar que quando realizamos boas ou más ações criamos Karma, dos quais em algum momento de acordo com as condições colheremos os frutos. No caso do Kung-an apresentado o assassino realizou duas boas ações que ficaram registradas no universo e no âmago deste ser. Ou seja, ele semeou uma boa ação para em um futuro, quando ele menos esperava a colheu. Porém, quando o algoz estava no Narak[2] lhe foi dada a oportunidade para que se redimisse e prosseguisse sua jornada rumo a redenção, a sabedoria e ao Nirvana. Mas ele o desperdiçou. Essa passagem nos mostra a importância de não desperdiçarmos uma chance ou a segunda chance que nos é ofertada para nos corrigirmos e progredirmos nos caminho da sabedoria e da boa-venturança. O Buddha não foi mal e cortou a teia, ele se entristeceu o a continuidade de erros de seu protegido, que não soube aproveitar esta chance. Às vezes precisamos ser estóicos; austeros; retos, para não cairmos nos erros, principalmente quando nos é dado uma segunda chance. Um dos nossos maiores erros é perdoarmos nossas vicissitudes, nos mimarmos o tempo todo sem querer pagarmos os preços de nossas ações, um verdadeiro ato de imaturidade e desejamos sermos eternamente perdoados, com isso não buscamos ou fugimos de nossas responsabilidades, sempre errando, se desculpando, só para gozarmos os deleites e não buscarmos a sabedoria e a via austera, que nos leva a ela. Estas são as lições deste Kung-an. Este Kung-an foi extraído e adaptado do livro o AIKIDÔ e a Harmonia com a Natureza. Notas: 1-Aeon – Medida de tempo equivalente ao desgaste de uma imensa montanha – o Everest – para uma planície. 2-Narak - Submundo, inferno búdico, cuja diferença do inferno cristão e islamico se dá é que a o condenado fico por uma extensão enorme de tempo, piis não existe o termo eternidade nas tradições orientais.

Kung-an: Débitos antigos (o monge e o general colérico)

Este Kung-an nos mostra que o Karma nos acompanha como nossa sombra e o valor do perdão como uma forma de libertação. Contemplar o Karma (Lei de causa e efeito) e nos perdoarmos.
Um jovem noviço foi solicitado para pegar água para seu mestre. Ao trazer a água um peixeiro passou por ele e um peixe saltou para dentro do balde trazido pelo noviço. Que jogou a água com o peixe fora, matando o peixe desta forma. Passado os anos o noviço veio a se tornar o abade do templo. Um dia reunido com seus discípulos disse: “Um paradoxo (kung-an) iniciado a quatro décadas atrás será concluído hoje”. Os discípulos: “Como, mestre?” “Quando, honrado mestre?” Então ele responde: “Antes do fim desta manhã”. Então se silenciou e pôs-se a meditar. Um jovem general que passava perto do templo com seus soldados foi tomado por um sentimento de cólera, de repente e sem motivo aparente. Pegou seu arco e flecha e invadiu sozinho o templo adentrando o Dojo (Salão do Dharma) de forma violenta e encarou cheio de ódio o abade. O abade disse: “Eu te aguardava. Então, és tu, jovem general o meu credor?” O general respondeu, assustado: “Nunca te vi antes, mestre. Não entendo o por quê te odeio e quero matá-lo”.
Então o abade contou ao general o ocorrido em décadas passadas: “Quando eu era um noviço matei em minha ignorância, desespero e fome por perfeição um peixe, mesmo que acidentalmente adquiri um dívida de vida com este ser senciente. Por isso hoje te encontras aqui, comigo, para saldarmos esta dívida, ó nobre general. Peço teu perdão pelo meu erro e estou disposto a pagar minha dívida” O general reflexivamente abaixou o arco, se emocionou e em verso disse: “Buscar vingança Até quando? Por isso nos encontramos Nas eternidades dos nascimentos e renascimentos Para alcançarmos a boa-venturança Esqueçamos as antigas inimizades” Após proferir este poema o general faleceu com a feição mais leve e liberta. O abade, em seguida, escreveu um poema em um papel e o disse em voz alta: “Durante quatro décadas Mudamos tanto. Quem imaginaria que nos Encontraríamos para saldar nossos Débitos antigos. Estamos livres.” Após proferir este poema o mestre faleceu, também.
Kung-an extraído e adaptado do Livro: YÜN, Hsing - Contos Chan - volume 2.- Editora de Cultura.

Kung-an (Koan) – Lições sobre o bambu.

Este Kung-an nos mostra a importância de não sermos imediatistas, observarmos os processos e contemplarmos a verdadeira natureza dos fenômenos.
Uma adolescente angustiada e um grande negociante imediatista foram ao templo para tirar suas dúvidas com algum monge Ch' an (zen). Ao chegarem, encontraram uma monja que realizava o plantio de bambus em um canteiro do templo. Depois de cumprimentarem a monja. Fizeram Suas respectivas perguntas: Adolescente angustiada – "Mestra, uma terrivel dúvida paira em meu coração. Por que preciso estudar? O mundo não parece valorizar isto e o que importa para as pessoas é o lucro imediato. Mestra, com respeito não sei por que devo ter paciência para ter sucesso?" Negociante imediatista – "Mestra, Com relação a pergunta da jovem tenho a mesma dúvida, já que sou comerciante. Por trabalhar com comércio e prestação de serviços necessito de lucro rápido e imediato, pois contas a pagar e uma famíla para sustentar. Quando vou realizar um empreendimento, que acredito que vair dar certo e o lucro será imediato, ocorre que se torna um processo, do qual não desejo que haja. Mestra, com respeito não sei por que devo ter paciência para ter sucesso."
A monja olhou para os dois inquiridores, respirou profundo olhando para os bambus e para os brotos de bambus. Neste momento, ela teve um insight e voltou o rosto para os dois com um sorriso nos lábios, lhes respondeu: Monja- "O Dharma esta contido em todas as coisas. O Dharma esta na virtude da paciencia e no contemplar a verdadeira natureza das coisas. Observem estes bambus. Os bambus grandes demoram para crescer. Não é verdade?" Ambos os consulentes responderam que sim. E perguntaram: Consulentes – "Mas mestra o que isto tem haver com nossa pergunta?" Ela responde: Monja – "O bambu que é semeado no solo, lança primeiro suas raízes, porém isto leva uns cinco anos, ou seja, cinco anos se enraízando no solo para ficar bem firme, enquanto ele é um brotinho minusculo, quase insignificante. Após este período ele cresce, só que bem mais rápido. Observem nobres discípulos. Primeiro ele se enraizou por um longo tempo para depois se desenvolver. E quando já maduro ele é flexivel, mais do que o carvalho, pois nenhum vento o derruba, e este é o segredo da durabilidade do bambu. E esta é a lição que os bambus deixam para nós, tudo tem seu tempo e precisamos contemplar a verdadeira natureza dos fenômenos para não cairmos nas ilusões e sofrermos com isso." A jovem e o negociante agradeceram o ensinamento e partiram sorrindo.
* Extraído e adaptado de um dialogo trava do entre o autor e um padrinho de casamento. Um diálogo sobre a vivencia dos processos na vida intima e diária.