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domingo, 26 de janeiro de 2014
Kung-an: Débitos antigos (o monge e o general colérico)
Este Kung-an nos mostra que o Karma nos acompanha como nossa sombra e o valor do perdão como uma forma de libertação. Contemplar o Karma (Lei de causa e efeito) e nos perdoarmos.
Um jovem noviço foi solicitado para pegar água para seu mestre. Ao trazer a água um peixeiro passou por ele e um peixe saltou para dentro do balde trazido pelo noviço. Que jogou a água com o peixe fora, matando o peixe desta forma. Passado os anos o noviço veio a se tornar o abade do templo.
Um dia reunido com seus discípulos disse: “Um paradoxo (kung-an) iniciado a quatro décadas atrás será concluído hoje”.
Os discípulos: “Como, mestre?” “Quando, honrado mestre?”
Então ele responde: “Antes do fim desta manhã”. Então se silenciou e pôs-se a meditar.
Um jovem general que passava perto do templo com seus soldados foi tomado por um sentimento de cólera, de repente e sem motivo aparente. Pegou seu arco e flecha e invadiu sozinho o templo adentrando o Dojo (Salão do Dharma) de forma violenta e encarou cheio de ódio o abade.
O abade disse: “Eu te aguardava. Então, és tu, jovem general o meu credor?”
O general respondeu, assustado: “Nunca te vi antes, mestre. Não entendo o por quê te odeio e quero matá-lo”.
Então o abade contou ao general o ocorrido em décadas passadas: “Quando eu era um noviço matei em minha ignorância, desespero e fome por perfeição um peixe, mesmo que acidentalmente adquiri um dívida de vida com este ser senciente. Por isso hoje te encontras aqui, comigo, para saldarmos esta dívida, ó nobre general. Peço teu perdão pelo meu erro e estou disposto a pagar minha dívida”
O general reflexivamente abaixou o arco, se emocionou e em verso disse:
“Buscar vingança
Até quando?
Por isso nos encontramos
Nas eternidades dos nascimentos e renascimentos
Para alcançarmos a boa-venturança
Esqueçamos as antigas inimizades”
Após proferir este poema o general faleceu com a feição mais leve e liberta.
O abade, em seguida, escreveu um poema em um papel e o disse em voz alta:
“Durante quatro décadas
Mudamos tanto.
Quem imaginaria que nos
Encontraríamos para saldar nossos
Débitos antigos. Estamos livres.”
Após proferir este poema o mestre faleceu, também.
Kung-an extraído e adaptado do Livro: YÜN, Hsing - Contos Chan - volume 2.- Editora de Cultura.
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