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domingo, 26 de janeiro de 2014
Kung-an (Koan): A teia de aranha e o Buddha.
Este Kung-an nos apresenta a importância das ações karmicas, assim como, termos sabedoria para aproveitarmos a segunda chance, que nos é dada.
Era uma vez no antigo Oriente um assassino, um homem cruel e perverso, temido por todos. Não poupava nada e nem a ninguém. Um dia uma aranha cruzou o caminho deste terrível homicida.
Então, ele olhou para o aracnídeo, riu e falou:
-“Podeis passar em paz! Pobre criatura! Não farei-te mal algum. Não, desta vez. Poupo-te do flagelo de uma morte.”
O Buddha e os Devas, nos Reinos Superiores, observaram tal atitude e o reverenciaram.
E assim prosseguiu sua jornada, até se deparar com um combate e perecer na peleja. Porém, este verdugo foi renascer no Narak (inferno), em virtude de suas ações maldosas, passando alguns aeons[1] de existências nas trevas e na dor.
O Buddha ao observar a dor deste homicida, resolveu interceder por ele, pois ele havia poupado uma vida e permitiu a jornada daquele ser, sem um impedimento. Então o Buddha utilizou o expediente da compaixão e teceu uma mística teia, a partir de suas mãos, até chegar ao condenado, para que assim ele pudesse ter uma nova oportunidade.
A teia ao chegar até o ex-assassino tocou nele, então ele a agarrou e começou a subir, porém os demais condenados correram até ele e a teia. Então o Ex-assassino começou a chutá-los e insultá-los.
- “Saiam seus malditos; desgraçados! Vão arrebentar a minha teia! Saiam antes que os mate de novo, seus suínos!”
Então o Buddha observando tudo se entristeceu e soltou uma lágrima mais pesada que uma peça de chumbo, que atingiu a teia a partindo e conseqüentemente o homicida caiu de volta ao Narak.
Ao lermos este kung-an podemos observar três lições morais.
Quando o assassino poupa a vida da aranha e a permite passar, nos e apresentado um dos grandes ensinamentos budista: Se abster do mal e fazer o bem. Pois todas as criaturas são dignas de respeito, assim como as situações. Sobre fazer o bem é beneficiar as criaturas com o que lhes falta ou apóia-las em momentos difíceis ou não obstruir suas jornadas, respeitando seus momentos.
A partir do momento anterior descrito podemos observar que quando realizamos boas ou más ações criamos Karma, dos quais em algum momento de acordo com as condições colheremos os frutos. No caso do Kung-an apresentado o assassino realizou duas boas ações que ficaram registradas no universo e no âmago deste ser. Ou seja, ele semeou uma boa ação para em um futuro, quando ele menos esperava a colheu.
Porém, quando o algoz estava no Narak[2] lhe foi dada a oportunidade para que se redimisse e prosseguisse sua jornada rumo a redenção, a sabedoria e ao Nirvana. Mas ele o desperdiçou. Essa passagem nos mostra a importância de não desperdiçarmos uma chance ou a segunda chance que nos é ofertada para nos corrigirmos e progredirmos nos caminho da sabedoria e da boa-venturança. O Buddha não foi mal e cortou a teia, ele se entristeceu o a continuidade de erros de seu protegido, que não soube aproveitar esta chance. Às vezes precisamos ser estóicos; austeros; retos, para não cairmos nos erros, principalmente quando nos é dado uma segunda chance.
Um dos nossos maiores erros é perdoarmos nossas vicissitudes, nos mimarmos o tempo todo sem querer pagarmos os preços de nossas ações, um verdadeiro ato de imaturidade e desejamos sermos eternamente perdoados, com isso não buscamos ou fugimos de nossas responsabilidades, sempre errando, se desculpando, só para gozarmos os deleites e não buscarmos a sabedoria e a via austera, que nos leva a ela. Estas são as lições deste Kung-an.
Este Kung-an foi extraído e adaptado do livro o AIKIDÔ e a Harmonia com a Natureza.
Notas:
1-Aeon – Medida de tempo equivalente ao desgaste de uma imensa montanha – o Everest – para uma planície.
2-Narak - Submundo, inferno búdico, cuja diferença do inferno cristão e islamico se dá é que a o condenado fico por uma extensão enorme de tempo, piis não existe o termo eternidade nas tradições orientais.
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